quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

DIS-PENSATA CINEMATOGRÁFICA



Ao longo de quase 120 anos de cinema, já foram feitos muito mais filmes do que qualquer ser humano é capaz de assistir ao longo da sua vida, por mais extensa que seja a sua duração. Ainda hoje, a produção mundial de um único ano já daria para ocupar boa parte da existência de qualquer um de nós. Como temos uma capacidade limitada de ver filmes, cada filme que assistimos implica em uma escolha que exclui uma infinidade de outros, que talvez nunca possamos ver. Baseado nesse princípio, só pretendo perder meu tempo com as “últimas novidades” da telona no dia em que tiver assistido todos os grandes clássicos e as obras-primas realizadas há 30, 50 ou 80 anos atrás.
Entendo que editores, produtores e comerciantes dêem mais importância às obras recentes, pois são essas as mercadorias que eles têm para oferecer aos consumidores, e com a qual vão encher os seus bolsos. Porém, confesso que não consigo, e provavelmente nunca conseguirei, entender o entusiasmo de tanta gente em torno dos “últimos lançamentos” do cinema, da música ou da literatura, quando é evidente que quase tudo isso é bastante inferior a muitas coisas mais antigas que nós ainda não conhecemos.
Para se ter uma relação mais “saudável” com a produção cultural, basta ter em mente duas noções: 1) tudo aquilo que não conhecemos é “novidade” para nós, mesmo que tenha 500 anos. 2) o fato de uma produção cultural ser recente não lhe dá qualquer superioridade sobre as produções anteriores – o mais frequente é o caso oposto.