Em uma iniciativa inédita nos anais do estado laico nacional, um grupo de estudantes da classe que-faz-média paulistana criou o MOVIMENTO PASSE LIVRE, exigindo a contratação imediata de um pai-de-santo para cada escola da capital. Na opinião dos estudantes, o atual sistema de ensino estadual e municipal está numa condição bastante precária, configurando certamente um possível caso de espinhela caída. Além disso, a cidade sofre constantemente com as derrotas do PT, o que só pode significar que alguém colocou o nome do partido na boca de um sapo, que deve estar enterrado anonimamente em um dos cemitérios clandestinos da periferia. Cada pai-de-santo, que seria contratado através de concurso público, poderia despachar em mais de uma escola, dependendo da disponibilidade de encruzilhadas. Respeitando o sistema de cotas espirituais, haveria uma divisão das vagas entre espíritas, umbandistas e macumbeiros. Segundo o líder do movimento, Mauricinho da Mamãe Filho, a atual administração paulista é um encosto, já que continua se recusando a ceder à pressão dos jovens militantes. No entanto, demonstrando uma invejável disposição para a luta (já que, desde bem pequeno, luta jiu-jitsu e só se alimenta de leite de pato light), Mauricinho revelou que continuará fazendo um trabalho após outro, até conseguir extirpar esse governo que está fechando os caminhos da população desemparada. Em resposta às acusações de que o movimento teria um caráter político-partidário, o jovem líder foi taxativo: “Não somos da esquerda e nem da direita... nosso negócio é o centro!”
