sábado, 6 de fevereiro de 2010

LIVRO "MATÉRIA EM MOVIMENTO" É SUCESSO NA CHINA

"Entrando um pouco na questão do niilismo, é verdade que a filosofia de Nietzsche trava uma guerra com aquilo que ele chama de “a doença humana por excelência”. A história do homem é a história do desprezo pelo corpo e por tudo aquilo que está na ordem do tempo. Despreza-se o mundo visível, a vida terrena, em prol de uma existência superior e eterna. Tende-se a desvalorizar essa vida por sua brevidade e fragilidade, a desqualificá-la em favor de uma “outra vida” mais perene. Essas idéias constituem o homem, e mais ainda o homem cristão (que – um pouco como Platão, em seu Fédon – considera a alma aprisionada numa existência injusta). No fundo, o homem não tolera esse mundo, não tolera o devir. Ele deseja o eterno, tal como Platão pensava este conceito (e, posteriormente, Santo Agostinho e todo o cristianismo), como algo puramente imóvel e imutável. Ele deseja que a vida se congele, que tudo esteja paralisado, silencioso; em uma palavra, ele deseja o nirvana, o nada. Eis com o que se liga o seu desejo mais profundo".