segunda-feira, 8 de março de 2010

GRANDES ENCONTROS DA FILOSOFIA

“Eu estou muito espantado, encantado! Eu tive um precursor, e que precursor! Eu quase não conhecia Espinosa. O fato de que, naquele momento, eu tenha me sentido atraído por ele tem a ver com um ato “instintivo”. Não é somente pelo fato de que a sua tendência global seja a mesma que a minha: fazer do conhecimento o afeto mais poderoso. Em cinco pontos capitais eu me descubro na sua doutrina; sobre essas coisas, esse pensador – o mais anormal e o mais solitário que já existiu – está verdadeiramente muito próximo de mim: ele nega a existência da liberdade da vontade, dos fins, da ordem moral do mundo, do não-egoísmo e do mal. Se, é bem certo, as nossas divergências são igualmente imensas, ao menos elas se assentam mais sobre as diferentes condições da época, da cultura e dos saberes. Em suma: a minha solidão que, como do alto das montanhas, muitas e muitas vezes me deixa sem fôlego e faz meu sangue jorrar, é pelo menos uma dualidade. – Magnífico!

Friedrich Nietzsche, Carta a Franz Overbeck, escrita em Sils-Maria e datada de 30 de julho de 1881.