quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

AS SABEDORIAS DA OLIVINHA


Participação especial: Friedrich Nietzsche

Abomino aqueles que vêem toda inclinação natural como doentia e vergonhosa.


Viver quer dizer lançar constantemente para longe de si aquilo que tende a morrer; viver quer dizer ser cruel e inexorável com tudo o que há de débil e de envelhecido em nós, e não só em nós. Será, então, que viver é ser impiedoso com os agonizantes, os miseráveis e os velhos? Ser constantemente um assassino? E, no entanto, o velho Moisés disse: "Não matarás!"

O segredo para se ter una existência fecunda e feliz está em viver perigosamente.

Sejamos poetas da nossa vida, especialmente nos detalhes pequenos e sem importância!

Não se pode examinar tudo em profundidade; isso faz com que devamos forçar constantemente a vista e nos leva a encontrar mais do que desejávamos.

Alguém só é verdadeiramente livre quando deixa de sentir vergonha de si mesmo.

Conheço melhor a vida por ter estado muitas vezes a ponto de perdê-la.

A solidão absoluta me parece cada vez mais a minha fórmula essencial, minha paixão fundamental; cabe a nós provocar este estado, no seio do qual criamos nossas obras mais formosas, e é preciso saber sacrificar-lhe muitas coisas.

Penso que quem sofre não pode se permitir a ser pessimista.

No preciso momento em que um homem se convence a fundo de que deve receber uma ordem, ele passa a ser um crente.

Um autor sensato escreve para a sua velhice, para poder alegrar-se consigo mesmo quando chegar a ela.

O inseto não pica por maldade, mas para viver. O crítico faz o mesmo: ele deseja o nosso sangue, não a nossa dor.

O homem profundo é visto como comediante, porque, para ser compreendido pelos demais, deve simular superficialidade.

A pessoa que sabe que é profunda faz um esforço para ser clara. A que quer parecer profunda diante dos demais faz um esforço para ser obscura. Isso se deve ao fato de que a massa considera profundo aquilo de que ela não pode ver o fundo: tem muito medo de se afogar!

Tudo o que é bom estimula a vida, inclusive um bom livro contra ela.

A fé nunca pôde derrubar montanhas, como vulgarmente se afirma. Pelo contrário, é capaz de colocar montanhas onde elas não existem.