sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

DICIONÁRIO DO DIABO (Ambrose Bierce)

Amizade = Barco bastante grande para carregar dois quando faz bom tempo, mas apenas um só em caso de tormenta.

Cleptomaníaco = Ladrão rico.

Comércio = Espécie de transação na qual A rouba de B os bens de C; e, em compensação, B subtrai do bolso de D o dinheiro pertencente a E.

Conhecido = Pessoa que conhecemos bastante bem para pedir-lhe dinheiro emprestado, mas não suficientemente bem para emprestar-lhe.

Corporação = Engenhoso artifício para obter ganhos individuais sem responsabilidade individual.

Corsário = Político dos mares.

Felicidade = Sensação agradável que nasce de contemplar a miséria alheia.

Filosofia = Caminho com muitos atalhos, que leva de parte alguma a nada.

Homeopata = Humorista da medicina.

Imigrante = Pessoa inculta que pensa que um país é melhor que outro.

Mão = Instrumento singular que se usa no extremo de um braço humano, e que geralmente se encontra metida em um bolso alheio.

Mendigo = Alguém que confiou na ajuda dos amigos.

Moda = Déspota a quem os sábios ridicularizam e obedecem.

Mulato = Filho de duas raças, que se envergonha de ambas.

Paciência = Forma menor do desespero, disfarçada de virtude.

Panteísmo = A doutrina de que tudo é Deus, por oposição à doutrina de que Deus é tudo.

Política = Conflito de interesses disfarçado de luta de princípios. Manejo dos interesses públicos em proveito privado.

Prazer = A forma menos detestável do tédio.

Religião: Filha do temor e da esperança, que vive explicando à ignorância a natureza do incognoscível.

Trabalho = Um dos processos por meio dos quais A adquire bens para B.

Velhice = Época da vida em que transigimos com os vícios que ainda amamos, repudiando os que já não temos a audácia de praticar.