terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Jazigo da poesia (II)


NÃO SE DUVIDA DO INDUBITÁVEL

Subindo para cima de uma escada
Para contemplar melhor a luz do dia
Vi que essa luz a tudo iluminava
A não ser quando a noite aparecia

Enquanto olhava, estava eu à direita
De quem olhando à minha esquerda estava
E quando nada por ali mexia
Imóvel tudo por ali ficava

O sol, um grande círculo redondo
Com seu calor o frio esquentava
E quando pela tarde ia se pondo
Por coincidência, a noite então brotava

O homem, essa humana criatura
Com seus olhos abertos espiava
À espera do futuro que viria
E nunca que o futuro lhe chegava

Percorrendo uma estrada que levava
De uma ponta a outra ponta do caminho
O homem com seus próprios pés andava
Não ia com ninguém, ia sozinho

A coisa que não tinha, lhe faltava
Mas se fosse demais, lhe sobraria
Num rio cheio dágua se banhava
Sabendo que amanhã era outro dia

E o que de mais real se constatava
É que antes de estar morto ele vivia
E era tudo aquilo que restava
Pois depois de morrer já não podia...

MEFISTÓFELES GOMES