Apesar de terem constituído o primeiro Estado moderno da Europa (mais por ficarem escondidos num recanto do continente do que por algum mérito próprio), os portugueses nunca conseguiram realmente alcançar a modernidade. Desde o princípio - ou bem antes - nosso destino estava traçado. Numa revolta palaciana, Dom João I assumiu o trono e substituiu a velha nobreza de raiz por um bando de comerciantes e proprietários abastados, criando a primeira aristocracia decadente da Europa moderna. Depois, com as grandes navegações, os portugueses conseguiram dominar, com seus navios e canhões, diversos povos que viviam praticamente na Idade da Pedra, impondo-lhes sua altíssima cultura. Quando os negócios se tornaram verdadeiramente lucrativos, os ingleses assumiram o comando e profissionalizaram a exploração. Mais tarde, com a descoberta de ouro e diamantes no Brasil, os portugueses imprimem definitivamente sua marca sobre o caráter do futuro "brasileiro". Imensas riquezas saem do Brasil com destino a Portugal, onde são dissipadas com ainda mais imensa facilidade. Como bons pré-brasileiros, os portugueses acreditavam que o melhor uso para a riqueza era patrocinar o ócio luxuoso, com o qual acumulavam gorduras, enquanto ingleses e franceses acumulavam dinheiro e fundavam o capitalismo (que, como bem sabemos, é o mais abominável e perfeito dos sistemas econômicos).